sábado, 31 de outubro de 2009

Uns versos

Sou sua noite, sou seu quarto
Se você quiser dormir
Eu me despeço
Eu em pedaços
Como um silêncio ao contrário
Enquanto espero
Escrevo uns versos
Depois rasgo

Sou seu fado, sou seu bardo
Se você quiser ouvir
O seu eunuco, o seu soprano
Um seu arauto
Eu sou o sol da sua noite em claro,
Um rádio
Eu sou pelo avesso sua pele
O seu casaco

Se você vai sair
O seu asfalto
Se você vai sair
Eu chovo
Sobre o seu cabelo pelo seu itinerário
Sou eu o seu paradeiro
Em uns versos que eu escrevo
Depois rasgo

(Adriana Calcanhoto)






http://www.youtube.com/watch?v=rwRVDpXneFQ&feature=player_embedded

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Um nó




Não sei se você já percebeu que há fases da sua vida em que as coisas acontecem quase simultaneamente. O problema se dá quando você percebe que esse turbilhão de fatos não aconteceu por acaso, simplesmente, deu-se o caso de surgir com o propósito de desviar a sua atenção do que, em outrora, te incomodou. (Será fraqueza olhar para os lados?)
Não acredito que isso tenha a ver com os 20 anos que eu agora carrego. Afinal, boa parte das mudanças aqui dentro do baú, certamente, têm características anacrônicas, as quais têm revolucionado certas idiossincrasias que eu mesma julgava serem inerentes a mim.
É bem verdade que ainda sei bem pouco (de mim e de tudo), todavia esses bons ventos me motivam a crer que Chronos me engolirá antes mesmo de poder sentir que tenho o controle. Tudo bem. Eu até gosto, se bem que, neste caso, eu não teria outra opção a não ser a de consentir.
Hoje, eu - que não gosto muito de escrever - senti uma vontade imensa de fazê-lo. E, dessa vez, foi tão natural quanto o meu novo hábito de andar pelo Derby comendo maçãs. Desta forma, eu não sinto o gosto delas. Então resolvi sentar em cima do baú e ver o sol se pôr daqui.